Por Dra. Mariana Manzke
10/10/2024- 10h
A creatina, um composto natural encontrado em alimentos como carne vermelha e frutos do mar, tem sido extensivamente estudada por seus benefícios no desempenho físico em adultos. Recentemente, no entanto, sua aplicação terapêutica em populações pediátricas tem ganhado atenção, com destaque para seu potencial em melhorar a saúde neurológica de crianças. Um estudo publicado na revista Nutrients pela MDPI, conduzido por Jagim et al. e outros pesquisadores, explora como a suplementação de creatina pode beneficiar crianças com condições neuromusculares e distúrbios metabólicos, ampliando o entendimento de seus efeitos em diferentes faixas etárias.
Os autores do estudo indicam que a suplementação de creatina pode aumentar os níveis de fosfocreatina no cérebro e nos músculos, proporcionando uma melhoria no estado energético celular. Isso é particularmente relevante para crianças que enfrentam deficiências congênitas de creatina, como a deficiência de guanidinoacetato metiltransferase (GAMT) e de arginina amidinotransferase (AGAT), que resultam em baixa disponibilidade de creatina no cérebro.
Um estudo de Stockler et al. (1996) demonstrou que crianças com deficiência de GAMT que receberam suplementação de creatina apresentaram melhora significativa no desenvolvimento cognitivo e uma normalização em anormalidades de ressonância magnética cerebral. A intervenção precoce mostrou ser essencial para o sucesso do tratamento, destacando o impacto positivo da reposição de creatina na qualidade de vida desses pacientes.
A creatina desempenha um papel central no sistema energético do cérebro, contribuindo para a produção de ATP (adenosina trifosfato), que é crucial para o funcionamento das células nervosas. Segundo Dolan et al. (2019), a suplementação de creatina pode ser benéfica em condições de estresse cerebral, como hipóxia (falta de oxigênio) e traumas cerebrais, ajudando a manter os níveis de energia celular e protegendo os neurônios de danos adicionais.
Além disso, estudos como os de Solis et al. (2017) indicam que a suplementação pode melhorar a capacidade de armazenamento de fosfocreatina em crianças, o que é fundamental para a recuperação energética após estresses metabólicos. Isso é relevante não apenas para crianças com deficiências específicas, mas também para aquelas em desenvolvimento normal, potencialmente contribuindo para melhor função cognitiva e resistência a condições estressantes.
A revisão sistemática também aborda o uso da creatina como adjuvante no tratamento de condições neuromusculares, como a distrofia muscular de Duchenne (DMD). Banerjee et al. (2010) relataram que a suplementação de creatina em crianças com DMD resultou em uma melhora significativa na força muscular e na energética celular, oferecendo uma alternativa potencial aos tratamentos convencionais que muitas vezes possuem efeitos colaterais a longo prazo.
Esses benefícios são sustentados pela habilidade da creatina de melhorar a capacidade de regeneração muscular e reduzir a perda de massa muscular em condições degenerativas. A suplementação pode, portanto, atuar como uma ferramenta terapêutica importante, melhorando a qualidade de vida e a funcionalidade diária dessas crianças.
Segurança e Recomendações para o Uso de Creatina em Crianças
Embora o uso da creatina em adultos seja amplamente considerado seguro, a aplicação em crianças e adolescentes ainda levanta dúvidas entre profissionais de saúde. Jagim et al. (2021) reconhecem que, embora os estudos existentes mostrem uma baixa incidência de efeitos adversos em populações pediátricas, há uma necessidade de mais ensaios clínicos que avaliem a segurança a longo prazo. Estudos até agora não relataram alterações significativas em marcadores de função hepática e renal, o que é um bom indicativo da tolerabilidade do suplemento.
A literatura também destaca a importância de dosagens adequadas para garantir segurança. Kreider et al. (2017) sugerem que uma dose inicial de 0,3 g/kg por dia durante 5-7 dias, seguida por uma manutenção de 3-5 g/dia (eu particularmente sugiro não exceder 3g/dia, considerando essa dose máxima em adolescentes), pode ser uma abordagem segura para aumentar os níveis de creatina no organismo sem sobrecarregar os sistemas corporais das crianças.
A suplementação de creatina apresenta um potencial significativo para melhorar a saúde neurológica e a qualidade de vida de crianças que enfrentam distúrbios metabólicos e neuromusculares.
Estudos de caso e revisões sistemáticas apontam para a capacidade da creatina de restaurar a energética celular e apoiar o desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças com deficiências congênitas de creatina. Embora sejam necessários mais estudos para consolidar sua segurança a longo prazo, os dados disponíveis são promissores e apontam para um uso eficaz quando supervisionado por profissionais de saúde.
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